sábado, 18 de julho de 2015

cheios de pó.

estantes cheias de discos
velharias cheias de histórias
instantes cheios de ódio
escritos pela minha curta memória
dos medos espalhados pela mesa
e todas as várias incertezas
todos cheirando a pó

espalhados pelo chão do quarto
encontrados pelo chão da rua
com os olhos trincados de medo
nas esquinas por qualquer barato
sem qualquer noção de espaço
pelos caminhos que os passos tropeçam
mal acompanhados por onde se beba.

tudo empoeirado, intocado
tudo mudo, tudo errado
bagunçado como angústia que cresce
e eu mudo tudo de lugar
enquanto o sol lá fora ja nasce
mas tudo ainda cheira a pó,
a presente e café passado.

tudo ainda parece como ontem
que ontem, não queria acabar
e as horas que corriam pra algum lugar
e eu continuo nesse quarto imundo
nesse palco incantado e mudo.
mal usado, desaproveitado
tudo empilhado e bagunçado.

não parece ter qualquer luz
além da luz do dia
que vem pra incomodar e esvaziar
que vem pra matar de vez
qualquer dúvida que pudesse restar
de que estou morrendo aos poucos
andando sempre no mesmo lugar

que antes era musica que eu fazia
com o que fizeram comigo
e agora são só palavras borradas
que escrevo e guardo na estante
ao lado de outros e outros e outros
que ficam guardados, como antes,
e acabam esquecidos, não vividos,
cheios de pó.

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