quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cansaço

Decepções, ja podem ir embora.. Vocês nunca foram convidadas ou bem vindas, por que é que insistem em entrar sem ao menos bater na porta?

domingo, 25 de novembro de 2012

À loucura

Sabes que sou louca por você
E sabes que a loucura não tem limites. Onde o limite estiver,
Não estará nosso amor.
Porque se não há loucura,
Que graça então pode haver?

domingo, 11 de novembro de 2012

desapego

fiquei triste quando as pessoas me deixaram,
mas estou feliz por tê-las deixado.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

mais de nós dois

quanta beleza um amor tem?
quanta paixão também?
quantos corpos pode se preencher?
quanta graça podemos achar?
quantas risadas dar?
quantos anos podemos ter?
será que importa?
o que realmente importa?
quanta felicidade pode caber?
quantas historias podemos contar?
quanta besteira podemos falar?
quanto, juntos, podemos enfrentar?
quatos passos a dar?
quantos beijos podemos roubar?
quantos abraços pra se aconchegar?
quantas brigas pra esquentar?
quanto ciume pra concretizar?
e as palavras, quantas podemos usar?
quanto a distância pode incomodar?
quanto a dor pode nos pegar?
será que pega?
quanta saudade pode nos caber?
quanto mais podemos nos doar?
quanto calor pra se esquentar?
quantos dias para se contar?
quantas horas para se perder?
quantos segundos pra gente se encontrar?
quantos arrepios a se provocar?
quantas mãos bobas só pra gente brincar?
e quanto mundo a fora pra se esqucer?
e depois, quanto pra nos lembrar?
quanta musica pra gente dançar?
quanto rock pra gente se amar?
quantos medos a se enfrentar?
quanta coisa pra gente aprender?
quantos olhares podemos cruzar?
quantas lagrimas pra enxugar?
quantos planos a se fazer?
quanto presente pra se viver?
quantos sonhos a se juntar?
quantos erros a se cometer?
quantos sorrisos podemos nos pegar sorrindo?
quanto podemos lutar?
até onde podemos chegar?
quanto podemos renovar e inovar?
quanto mais a gente pode acertar?
quanto carinho nós nos podemos dar?
quanto carinho mais a se fazer?
e acordar só pra te ver dormindo,
quantas mais vezes vou anoitecer?
e o cafuné quando o dia nasce,
quantas mais vezes vou amanhecer?
quanto ao respeito,
disso não posso reclamar.
quanto amor será que cabe?
será que cabe? transborda? alaga?
meu amor, quanto mais?
mais, mais, mais... muito mais...
até não dar mais
e daí a gente dá um jeito
de começar tudo denovo,
tudo novo,
só pra começar....

(com amor, para o meu amor...)

domingo, 4 de novembro de 2012

Farsa

Voce foi uma farsa. Me arrancou sorrisos, suspiros, me deu amor, prazer e me deixou de quatro. Me devolveu lágrimas, gritos, rancor, mágoa e me virou as costas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Do fundo do poço da alma


A noite é seca
Os pensamentos pesados
Bomardeando-me por todos os lados,
Minha garganta seca.

Meu pulmão arde,
minha cabeça arde,
meus olho ardem,
meu coração morde.

Anoitece no quarto,
Onde ar fica pesado.
Onde encontro-me farto
De carregar este fardo.

Vou me deitar,
Descansar meu corpo
Que de tão morto
Nao quer caminhar.

Enquietando meu barulho
Vou perdendo meu orgulho
Que de tão agredido,
Nao quer progredir.

E com essa canção que fere
Tão tarde da noite
Eu exponho meu coração covarde
À altura de oito andares.

domingo, 21 de outubro de 2012

incontexto

Passo meu olhar vago nas páginas contrárias desse livro que um dia nós escrevemos.
Leio de rabo a cabo e não entendo uma palavra sequer.
As páginas passam com o bater do vento
Que levou embora toda magia dessa história.
Sem agradecimentos,
Sem senso
e, por fim,
sem fim.

sábado, 13 de outubro de 2012

Pacto quebrado

Me sinto traida por voce. Eu tenho esse direito. Quebraste nosso pacto, me fizeste chorar. Estou pagando por todos os meus pecados, cada lagrima que um dia fiz cair de seus olhos.
Me sinto abandonada por você. Mentiste pra mim. Nao foi mulher o suficiente, nao teve coragem de me contar, de se abrir, de me machucar. E SE machucar. Ao inves disso, traiu. E com a traicao veio a dor, que doi agora e que você ignora.
Me sinto uma otária. Você me fez de otária. Mentiu mais. Omitiu mais. Vocês me fizeram de otária. Mas você? Tinha certeza que você seria a ultima pessoa a me tratar assim, por tudo que fomos, por tudo que vivemos, fizemos e falamos. Por tudo que nos prometemos que juramos, por todos os pactos que fizemos, pelo quanto nos amamos. Mas a vida tem disso. Palavras são só palavras. Felicidade são momentos. Fidelidade também. E amizade.. amizade só enquanto nos é conveniente. Com sua ajuda eu aprendi isso.
Não reconheço seu olhar, sua voz, seu andar... As vezes me pego chorando, me lamentando por ter acreditado.
Tenho tanto pra te falar, que nao consigo e me calo. Tenho tanto tanto entalado na garganta, que me fecho, me afasto.
As vezes me pego lembrando e me arrependo de um dia termos nos encontrado.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Deal

Don't make me sad
Don't make me cry
Cuz we had a deal, remember?
Till the day that we die.

You know me better than I
You know my weakness
So don't make me cry.
Still we have a deal?

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Quebra-cabeça

eu só queria dizer que sinto sua falta. sinto falta da sua voz, do seu sorriso e de como éramos. duas.
sinto falta das bobagens que a gente falava, das brigas que a gente tinha, do cotidiano, de ouvir sua voz antes de dormir, de rir da cara dos outros, de chorarmos uma no ombro da outra, de reclamarmos da vida e a brindarmos. mas o que eu mais sinto falta, que é o que me dói no peito, é de sermos. não somos mais e temo que nunca mais seremos.
costumavamos ser unha e carne, agora somos norte e sul. é uma pena, pois sinto que metade do meu eu se foi. mas se foi tão rapidamente que levou tudo consigo.
eu me pego chorando as vezes, por ter quase certeza de que nunca mais nos olharemos da mesma maneira. nao digo 'daquela' maneira. essa, feliz ou infelizmente passou. passou e nos ensinou. de verdade, foi a coisa mais linda, mais intensa e mais real que já aconteceu comigo. minha paixão por você se foi, depois d'eu me obrigar a isso, por ver que a vida havia realmente posto um ponto final. meu amor continua. e continuará, ouso achar, por mais mil anos, até depois do depois. até que o quebra-cabeça se apague, eu acredito.
por isso tenho tanto medo de te perder. nossa lealdade se perdeu? porque não tentamos achá-la denovo? e nosso companheirismo? nossa amizade? nossa cumplicidade?
eu sinto falta. e toda falta nos deixa um pouco menos. eu sou menos sem voce, sem sua atenção e sem teu carinho. sem saber onde você anda e se está precisando de mim ou de um abraço.
eu te amo. sinceramente, te amo. mesmo quando nao te reconheco, ou quando nao me sinto a vontade perto, quando acho que tudo mudou e quando te tenho medo. eu te amo porque eu sei que um amor de verdade não se acaba. simplesmente. eu amo você com toda força que eu tenho e morreria e mataria por você.
Espero mesmo que o tempo cure isso, como já curou coisas piores. conto com ele.
Caras e bocas, ah, que falta que voce me faz..........

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Saliva

Não gasto mais saliva com você. Nem pra beijar, nem pra falar, nem pra comer.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Descobertos


Tens o direito de me atirar essa pedra. Confesso, pequei. Traí a carne e tua esperaça, te fiz acreditar em poucas lembranças, traí o sonho e a confiança. Injustamente, dei-me um tiro no pé. Não por pecar mas sim por continuar, por tentar e até mesmo por acreditar. Acreditei, de corpo e alma. Me atirei sabendo que iria me segurar e novamente me enganei. Pequei. Errei. Uma, duas, três vezes.
Não peço desculpas pois aqui ninguém tem culpa. Não viro-te as costas, quero olho no olho, sem olho por olho. Pequei e admito. Atire-me logo essa pedra, arranque-me logo esse grito. Vai! Que eu me calo só por ter a certeza de que meu pecado fez juz ao teu.
Mesmo assim, eu te perdôo por me pedir perdão.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

44

Você mexe com a minha cabeça • Quando teme meu olhar • e te agarro entre as minhas pernas • e se escorrega por dentro de mim • e me preenche de prazer e gozo • eu perco o fôlego e a hora também • quando me molho toda em teu suor • quando se deita em mim quase sem ar • quando tua respiração começa, a minha termina e vice versa • os teus sussuros que me arrepiam • O meu pescoço a te precisar • a tua mania de tudo entender • e o teu jeito de me controlar • Minha vontade de querer gritar • A gente sabe mas não leva a sério • A gente sente e nao quer falar • Nesse silencio a gente quase mente • mas no escuro é melhor nem tentar.

sábado, 11 de agosto de 2012

insônia


a gente perde o sono porque com sono a gente perde muito.
a gente perde a realidade que insistimos em botar pra dormir.
a gente adormece porque o tempo precisa se perder um pouco.
e mesmo assim a gente acaba ganhando.
De jeito ou de outro, a gente acaba sonhando.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Incerto


Foi chegando por dentro
e botou-me pra fora
acolheu-se ao centro
sem marcar muita hora.

fez-me cega às horas
com o pensar quase lento
porque aonde tu moras
não conheces o tempo.

à mercê de um encontro
fez-me escrava doutrora
pôs meu tempo no vento
e chamou-me de Aurora.

Me despi por detrás
fiz-me tua no agora.
Tu tirou minha paz
e depois foi-se embora.

sábado, 4 de agosto de 2012

Metades


O que acontece
com duas metades
quando uma anoitece
a outra rouba as tardes?
Duas metades sem regra
quase vazias de esperaça
uma negra,
outra branca.
Uma metade fria
que em um todo bastaria.
Uma ardendo em chamas
e a outra em calmaria.
Duas metades de mãos
entrelaçadas em pleno contraste
uma no meio das pernas,
e outra nos pêlos da face.
Duas metades que se são metades
que se dão pela metade
mas que juntas metades, se são.
Mas que em todo todo há metade
e que em toda metade ilusão,
porque metade do dia é saudade
e a outra metade é paixão.

terça-feira, 26 de junho de 2012

de um dia sem lágrimas

desde que me lembro, sou escrava de tudo que me preenche e me esvazia.
sou feita de cicatrizes, mas no final as faço valer a vida.
sou poetisa sem poesia, musica sem melodia, ausência de luz e som. agora.
eu sou o silêncio que me mata, porque estou fraca.
nao sou; estou. e sei. e sinto.
meu vazio não tem culpa. eu sofro de nada, sofro de ninguém.
dizer que não vale sofrer, é o mesmo que se jogar no teu próprio buraco.
mesmo caindo, eu não me jogo nessa merda nem fodendo.
eu caio, sim. caio mil vezes. mas se caio, caio pra valer. e vale. no final tudo vale.
toda merda vale. toda dor, toda lagrima, tudo vale.
mas me levanto. pelo caminho escorrego, mas vou ganhando força a cada queda.
sou feita de amor e ódio. de desespero e calma. de dor e carinho. de carne, osso e alma.
eu sou feita de verdades e mentiras que se confundem no escuro em que se encontram meus olhos.
eu nao vejo, mas sinto.
e sentindo eu vou morrendo e renascendo.
e no final, são cicatrizes e não mais feridas abertas. é assim. é sempre assim.
estou em descontrole, o que é loucamente normal. 
esses antônimos paralelos se descontrolariam hora ou outra. o problema é que a gente nunca sabe quando.
O tempo é o veneno e o antidoto. cabe a nós a escolha.



"You shoot me down, but I won't fall. I am Titanium."

domingo, 24 de junho de 2012

Falta


eu sinto muita falta de você.
e essa falta esvazia meu corpo, entristece minha alma e enfraquece meu ser. um ser que deixa de ser, enquanto está sem você.
se vai passar ou não, eu nao sei. eu só sei que nesse interminável e brutal momento, eu me permito sentir uma dor que dilaçera minha carne, que acaba com a minha energia e me asfixia.
te ver é como soltar em uma sala escura, todos os sentimentos mais fortes vestidos em pele, carne e osso de animal selvagem e faminto.
te ver e depois te ver partir, sem saber se ou quando você vai voltar, é quase um suicídio.
deveria fazer de nosso uníssono caminho, dois, onde após uma longa caminhada de baixo de sol e chuva, finalmente pudessemos chegar. simplesmente chegar.
mas por enquanto, essa dor que se alimenta do que resta da minha energia -aquela que me levanta um sorriso- é mais forte do que minha vontade de me movimentar e dar um passo a frente. ela me puxa de volta, enraiza meus pés no chão molhado, pelo sal que escorre dos meus olhos tristes, cansados e perdidos.
é assim que eu me sinto: perdida.
estou perdida sem você.

domingo, 27 de maio de 2012

Toda a minha dor

O ódio e o amor e complementam. Não haveria ódio sem o amor e não haveria o amor sem o ódio. Errado separar os dois, colocá-los como dois extremos que não se encostam. O amor torna-se ódio mais rapido e mais facilmente do que nós imaginamos. É por isso que temos tanto medo de sentir. Dor de amor é a maior dor do mundo, te atinge de tal forma que não tem por onde sair. Assim tentamos amenizar a dor enchendo a cara e
usando mil anestésicos pra alma e pro corpo, enquanto deveriamos nos permitir sentir. É difícil... Na hora a gente só quer fazer qualquer coisa pra aliviar a dor. É uma dor que destrói, que tira teu sangue, teus órgãos, teus ossos, tua alma e te deixa completamente vazio. Mas passar pela vida não é viver. Nós somos feitos pra sentir, então precisamos nos permitir sentir. Deixar de sentir não é o caminho pra esquecer alguém, mas sim o caminho pra se esquecer.

domingo, 13 de maio de 2012

Meu coração é palco de guerra

Meu coração é palco de guerra
Com sangue espalhado por todos os lados
Com espadas e facas fincadas na carne
E corpos cobrindo todo o chão.

Meu coração é palco de guerra
Com Lárimas se disperdiçando em rios,
Com almas perdidas e olhos sentidos
Com o chão infestado de guerreiros feridos.

Meu coração é palco de guerra
Com as espadas e facas largadas no chão
Com a dor e a angústia daquele que erra
Com guerreiros rendidos, pedindo perdão.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Samba de dois

 E aqui nos encontramos denovo: Eu, meu coração e a minha solidão. Nós três, denovo, como costumávamos ser.
 Eu, compondo denovo as palavras que tão cedo não queria compor; Eu recompondo-me -aos poucos- recompondo minha vida; Recompondo.
 Meu coração cheio de dúvidas e mágoas e arrependimentos. Meu coração transbordando dor, silêncio e sofrimento.
 Minha solidão, sozinha, que acompanha meus olhos molhados, meu corpo cansado e meu coraçao amarrotado.

 "mas pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não"
   V.M

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Lá fora






ela fazia todo mundo pensar que estava certa.
fazia caras e bocas e no auge dos seus 16, ainda brincava de boneca.
cortava todos os cabelos delas, pintava as unhas e o corpo,
pintava os labios e depois deixava-as num canto,
onde ficavam e acabavam sendo esquecidas.
fumava escondida da mae e saia cantando pelos cantos da casa, ate que se deitava e dormia no sofa, como rotina.
ela tinha planos pro futuro, que incluiam fazer uma tatuagem,
viajar pro Texas e fazer mais alguns furos.
ela tinha sonho de crianca, alma de artista e desejos de prostituta, mas nao saia, nao bebia, nao se abria.....
juntando tudo isso, algo mais normal hora ou outra apareceria.
ela gostava de mentir. mentia pra todo mundo por puro prazer de fazer
os outros acreditarem. e nao voltava atras nao, e ai de voce se duvidasse de uma palavra dela. ela te convencia até que você levantasse da cadeira batendo o pé pelo que antes você negava com a maior certeza que poderia haver.
ela tinha olhos penetrantes e era bem inteligente, embora eu nunca tivesse a visto com um unico livro na mao. sabia de tudo e de todos e, impressionantemente, ela (quase) sempre estava certa.
bom, agora ele deve ter seus cinquenta e muitos anos, mora sozinha em uma casa que nao tem nada alem de uns lencois empoeirados, um guarda-roupa caindo aos pedacos e alguns retratos velhos e mofados dentro de gavetas emperradas (ou trancadas).
Nas janelas ela tem roseiras lindas, as quais ela cuida como se fossem o maior amor de sua vida. e talvez ate seja. Depois que ela terminou seu ultimo relacionamento, nunca mais a vi com ninguem. Ela, que já não gostava de sorrir, nunca mais expressou qualquer sentimento, a nao ser quando abria suas janelas pra cuidar de suas belas roseiras.
Ninguém a conhece tão bem quanto eu, creio que nem ela mesma. Sua casa não tem espelhos e nem luz, apenas algumas velas espalhadas pelos cantos da sala vazia.
Uma vez estava debruçada na janela, quando um homem que passava pela rua arrancou uma de suas rosas. Lembro-me que na hora pensei em correr na floricultura e comprar outra pra repor antes que ela visse, mas alem dela perceber, iria ficar mais furiosa ainda. Quando ela viu, manteve-se em frente a janela imóvel e pálida. Nenhuma marca em seu rosto, nenhum nada. Parecia que sua alma havia escapado por aquela janela, tentando encontrar sua rosa, mas saiu tão rápido que esqueceu que sustentava um corpo.
Cansei-me da situaçao e fui deitar. No dia seguinte, quando olhei pela janela, a roseira nao estava mais la. Bati na porta que estava entreaberta mas ela havia ido. Segundo sua vizinha, ela nunca esteve ali. Talvez ela não fizesse muito barulho.. talvez, quem sabe, a vizinha era meio maluca... mas insistiu, tirando uma chave do molho e pedindo que eu a acompanhasse. ela abriu a porta da casa e a unica coisa que havia ali era um piano branco de cauda velho e trancado. A mulher então sentou-se ao piano, virou-se pra mim e explicou que uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade. eu continuava achando que ela era louca. e continuou a conversar, dizendo que ha anos ela morava ao lado desse apartamento e que todos que iam compra-lo nao gostavam, até que olhavam pela janela e se apaixonavam mas sentiam-se incomodados de ter um piano tao lindo ocupando metade da sala. teriam que tirar, mas nao queriam. ninguem chegava perto desse piano, so ela. e aprendeu a tocar o piano e fez da casa um refugio, pra onde ia quando precisava descarregar toda sua angustia. mas ela nao desenvolvia, que angustia era essa? mas eu nao queria mais saber.
Entao pedi que tocasse uma musica pra mim. ela sorriu e disse: "você não se cansa, né?"
Fui pra casa, me beliscando o caminho inteiro. Cheguei em casa e passei rapido pela minha janela, mas percebi de canto de olho, que as flores estavam na janela novamente. Voltei e olhei e elas realmente estavam lá. Não só elas, mas ela também estava. Sai de casa, atravessei a rua e fui correndo ate sua casa, quando abri a porta nao havia ninguem alem da vizinha, tocando piano, com a janela aberta, sem flores ou vestigio delas.
Sentei-me em um canto e fiquei escutando a musica, até que adormeci. Acordei com meus dedos doendo, abri os olhos e o chão branco estava com alguns pingos de sangue e havia uma rosa. Corri até a porta da vizinha mas ninguem atendia. Havia me deixado um bilhete na porta: Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade.
Desci as escadas que davam para a rua, voltei ao meu quarto, olhei em volta e tudo estava em ordem: as bonecas estavam ali, meu cinzeiro como sempre cheio, meu violao e meu baú cheio de livros, dentro do armario. não faltava nenhum. tudo parecia estar no lugar.
Mas havia algo faltando no quarto. eu sabia que havia, so nao sabia o que. e fiquei pensando por horas e horas e interminaveis horas.
Dessa vez, eu estava sozinha com ninguem em volta. partilhando comigo mesma a dor de ser a personagem de uma interminável historia.
eu sabia, eu entendia, mas nao conseguia me contentar com só um pouco daquilo tudo.
Uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade. Se a mentira tem pernas curtas, entao..... devo contar-lhe que ela fazia todo mundo pensar que estava certa.