sexta-feira, 31 de julho de 2020

Todos temos um pouco deles
E eles de nós

Mas todo mundo é careta demais
E se não é careta
É careta

Só os loucos vivem pra sempre 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Se você quer o meu bem
Não me diga o que fazer
Não sou mais uma refém
A mercê do seu prazer
Preste atenção, me ouça
Eu já sei do que preciso
Sou bem mais sã do que louca
Eu não quero seu abrigo
Essa obsessão é surda
Eu gritei mais de mil vezes
A vida anda e não muda
Passam dias e meses
O nosso nó não desata
Sei que você sente falta
Mas pra mim já foi o tempo
Querido eu só lamento
Mas essa pressão me mata
Acendo um cigarro
O carro acelero
Até o vento me despir
Assumo, não minto
Me sinto como o eco do big bang
A explodir
Entre a gente o que tinha de dar
Ja deu
Hoje em dia quem manda em mim
Sou eu
Me deixa que eu vou onde eu quiser
Esqueça, já não sou mais sua mulher
Me chame quando enfim me esquecer
Se mande e entenda: ninguém controla o meu querer
Me deixa
Me deixa
Me deixa
Entre a gente o que tinha que dar
Já deu
Hoje em dia quem manda em mim
Sou eu

Monique Kessous

SPH

Há 90 dias eu nasci
Experimentei meu primeiro grande trauma
Que foi sair do meu lugar quentinho e confortável
E vir à vida
À esse mundo
No meio do caos
E experimento sentir isso
Do fundo da alma
Pra fora do corpo.

Ha noventa dias
Eu renasci
E descobri cores e formas
E texturas e sons
E imagens e tons
E tudo mais que uma criança descobre

Descobri o som da minha risada
E o que me faz gargalhar
Descobri desejos
Como fome
Raiva
Tristeza
Amor
Felicidade
Confusão
Agonia
Euforia

Há noventa dias
Apenas
E tanto
Eu entendi que existe vida
Na vida
E que existe o outro
E que existem outros modos
Caminhos
Espaços
Cansaços
E passos

Há noventa dias
Eu descobri a mim
Eu lembrei de mim
E olhei pra mim
E lembrei de lembrar de mim

Pela primeira vez
Talvez
Ha noventa dias
Eu lembrei que eu existo
Aqui
Agora
Assim.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Não sei como é daí de cima
Onde tudo parece intocável
E o tempo parece atrasado
E você me parece incansável

Não me recordo de ver você chegando
Nem de ver você entrando
Nem de ouvir você tocando
Nem de ter aberto a porta

Não me lembro de ter te visto
Sem teu estado controlado
Sempre rindo atordoado
Sem estar cheirando à álcool

Não comprei o teu jeito acanhado
Teu sorriso tão grande e largo
Demais pra me sorrir e me engolir
Nem teu velho recorte amassado

Teu sotaque de bicho do mato
Tua dose de pouca maldade
Teu “não sabe se fica ou se parte”
Tua desculpa de ir porque é tarde

Teu cabelo de dia seguinte
O olhar de quem esteve triste
Soa bem parecer recatado
E a mania de olhar de lado

Não me lembro onde deixei a chave
Não me dou bem com memória
Não faço ideia se fechei a porta
E se chequei a hora

Não sei como é daí de cima
Tão longe
Tão breve
Covarde

Onde o tempo parece incansável
E você me parece intocável
E teu ritmo sempre atrasado
E teu bumbo ressoa pausado
E voce
Se finge
De surdo.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Medo dos espelhos dos espaços dos esboços estilhaços dos estragos dos encostos dos moços dos encostos dos encontros desses poços desses gostos de pisar nos vidros pelos maços pelos becos pelos traços do desenho da tua boca no meu peito meu abraço em teu amasso do meu corpo sossegado desse jeito embaçado embarcado embaralhado desse medo embrulhado de você 
Amedrontado por vc
Amedrontado por você
This is my way to say I’m scared
This is my way to ask for help
Words just don’t come
It’s been a long time I don’t feel
No love
No pain
No thing in my vains 

It’s holing my soul
Ain’t nothing to tell
My fears are the same
Starts again and again 

I can’t sleep while awake
All my thoughts I can’t understand
Thought I know how to be strong
Thought I knew how to be alone 

Than I found myself weak
It’s ok to feel like this
Find a way to give up
So I can start it again 

Than I found myself alone 
And the smile I used to have
Turned to something I don’t know
How to deal anymore 

Don’t want people around 
They are trapping me out
Inspiration won’t come
Till I find myself alone 

Than again I’m the hole 
Have to face it, but seem so slow
Have to open my eyes
And know the deep hole is mine

It’s so scared not to feel 
It’s so sad not to see
The right way to begin
Lord, have mercy on me

Pego o papel e a caneta. Muito tenho a dizer sobre como eu nada sinto. A dor é só vazio. O amor, vazio. As palavras são vento no espaço vazio.
A criatividade vem dos sentidos, que em mim estão adormecidos. E não culpo ninguém, essa cruz é minha e só
Sei que não estou só, pois a música sempre foi fiel à mim e andou ao meu lado. Nos desencontramos, por acaso, mas (Im)paciente à aguardo...
Tem uma inquietude, palavras berrantes e brigantes que vão tomando conta, primeiro da caneca, depois vão enchendo o corpo, atravessando os órgãos e quando não conseguem mais se manter dentro de mim, de tão cheio o corpo, explode. Sai pelos
Pontos, através de esporros, espasmos e choros e dores no corpo, nos olhos, cabeça, a perna inquieta e o coração acelera e vai da garganta pra boca até que você cospe, vomita, em forma do refluxo do fluxo de palavras misturadas no teu estômago cheio de raiva e dor e, caralho, que calor! A minha cabeça não para, meu pulso doi e as veias saltam, a respiração de tão forte, eu ouço. O que me deixa mais sem ar. Vocês também ficam sem ar quando ouvem sua respiração forte? Eu fico. Sinto que só tenho meio pulmão e que acabei de correr uma maratona, mas estou deitada, cansada, exausta de
Pensar em tudo e ao
Mesmo tempo em
Nada, porque num resumo me faltam as palavras que passeiam selvagens pelo meu cérebro, que parece estar completamente dopado, mas ao mesmo tempo cheirado, mas ao mesmo tempo parado, calado por alguém, como se tentasse gritar mas estivesse tapado, selado, coitado. Coitada.
Coi-ta-da por mim mesma. Que esporro! Puta que pariu, socorro! Essas vozes não calam, não param de falar, falam alto, falam muito e
Muitas coisas. Falafalafalafalafalafalafalafala o
Movimento que faço com
Os dedos quando escrevo falafalafalafalafala me Acalma falafalaalafalafalafala
Vocês também endoidam de vez em sempre?
A gente endoida e endireita 
O doido endoida e endoidado fica
Endoidado é
Ansiedade é uma sombra que começa pequena 
E quando cresce te engole
Mas hora ou outra te vomita porque nem mesmo ela consegue te manter e te digerir 
Por causa
Do modo
Como você
Ansiosa
Fica.
Eu, no caso.