terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Não sei como é daí de cima
Onde tudo parece intocável
E o tempo parece atrasado
E você me parece incansável

Não me recordo de ver você chegando
Nem de ver você entrando
Nem de ouvir você tocando
Nem de ter aberto a porta

Não me lembro de ter te visto
Sem teu estado controlado
Sempre rindo atordoado
Sem estar cheirando à álcool

Não comprei o teu jeito acanhado
Teu sorriso tão grande e largo
Demais pra me sorrir e me engolir
Nem teu velho recorte amassado

Teu sotaque de bicho do mato
Tua dose de pouca maldade
Teu “não sabe se fica ou se parte”
Tua desculpa de ir porque é tarde

Teu cabelo de dia seguinte
O olhar de quem esteve triste
Soa bem parecer recatado
E a mania de olhar de lado

Não me lembro onde deixei a chave
Não me dou bem com memória
Não faço ideia se fechei a porta
E se chequei a hora

Não sei como é daí de cima
Tão longe
Tão breve
Covarde

Onde o tempo parece incansável
E você me parece intocável
E teu ritmo sempre atrasado
E teu bumbo ressoa pausado
E voce
Se finge
De surdo.

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