domingo, 20 de junho de 2010

Nos 4 cantos dela

Me puxam pelos cabelos,
me arranham as costas.
Cospem em mim,
Batem na minha cara.
Me prendem pelas pernas
E as abrem.

Apertam aqui
Passando por lá
Subindo,
Descendo.

Grito um prazer
E em mim peço socorro.
Solto meu corpo e eles me levam
Pelas paredes,
Nas cadeiras,
Nas mesas,
Na cama.

Quase não vejo a luz do sol.
Toda noite só é noite
pela minha carne.

Corpo vivo,
Usado.

Sou um lixo,
Sou uma rosa.
O objeto mais caro
E sem valor nenhum.
As vezes
Nem vejo seus rostos
Transpirando violencia.

dois, três,
por trás e na frente
Com força...
Sem parar.

Pelas ruas,
Pelos bares,
Pelos becos
eu me sujo.

Me puxam pros lados,
Me jogam no chão,
Me tiram as roupas
E me pisam.

Me machucam,
Me marcam,
Me cortam,
Me lambem,
Me curam.

Me prendem,
Me abrem,
Me fecham,
Me xingam
E eu gosto.

Me chupam, me comem,
Me fodem,
Me engolem.

Meu corpo é negro,
é branco,
é forte,
é fraco.
É quente,
Suado
Quando me moldo neles.

Todos juntos
em mim.

Todos,
dentro e fora,
juntos em mim.

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2 comentários:

  1. Isso foi tão 100 escovadas antes de dormir. Lindo.

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  2. Li até o final como se tivesse presa na cadeira. Sem conseguir me mexer, e aquela sensação de quando se toma um remédio que tem efeito, mas de gosto ruim.
    Um soco na cara, muito bom!

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