queria me curar dessa doença
e escorrer meu sangue pelos lugares
manchar o medo de quem pensa
e o orgulho e seus males.
queria consertar o que não está quebrado
e fazer-me ferro quando sou só dor.
mas sou feita de pele, osso, carne e espírito quebrado
e o meu oportuno é o amor.
queria me costurar presa ao nada;
seria mais intenso senti-lo como sinto o vento.
moldaria meu senso no seu, abstrata,
e morreria de desgosto por ter me perdido do tempo.
queria esquecer-me de ontem;
queria não ter acordado hoje;
não mereço a honra de um novo dia
se ainda duvido se viver é estar vivo.
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