domingo, 11 de setembro de 2016

O que não sei dizer

Por que calo minha voz se tenho tanto a dizer?
Por que não sofre o corpo mas a garganta não para de doer?
Por que meu som ao invés de gritar, chora?
Meu canto em volta da vida toda e todo seu esporro, se abafa.

Peço socorro pelos bares, de branco
Peço socorro com sorriso no rosto, vento brando
Peço alma de quem nem tem para si, quem dirá para mim
Cobrando de outros o que não viverei, que não vi em ti

Eu pego as esquinas que não sei andar
Pelos corpos caídos que não quis usar 
Mas que o vazio tão cheio me fez ignorar 
Que não nos enchemos de algo temendo transbordar 

Por isso, teimosa, viro as mesmas esquinas,
Tropeço pelos mesmos corpos que usei,
Me transbordo de ar
Enquanto não aprendo a me amar.

E a garganta sofre
E a garganta dói
E eu acordo chorando
Num pulo, sem voz.
E a garganta grita,
Pede socorro, irrita,
E a garganta cansada 
Finalmente se cala.

E a dor só cresce,
Meu amor desaparece,
Minha voz enlouquece
E foge de mim.

Foge, se esconde, morre de mim.
Morte de mim
Por MEDO.


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