sábado, 17 de julho de 2010

só um sonho

uma realidade do seu subconsciente (que é até mais consciente do que voce imagina).
eramos eu e alguns personagens reais, envolvendo-se direta e indiretamente com os meus personagens de fixão.
Não posso deixar de lembra-los que, ha semanas (acho que até meses), venho delirando em água. em sua maioria mar. dia após dia, que eu me lembre, sem parar.
Vamos então começar pelo ponto em que claramente me recordo:
Eramos eu, Milene (uma amiga mais velha) e Larissa (que nesse momento encontra-se em Israel, algumas horas depois daqui) e mais alguem, cujo rosto não me lembro muito bem.
Era um dia estranho, num sítio grande e verde, com árvores secas e cheias de galhos e raízes, com várias casas cercando-me por todos os lados. Iamos viajar, como de costume. Mas por acaso, me vi dentro de uma casa estranha, com vários papéis presos pelas paredes,cheios de palavras e um tentador canto da casa onde ficavam todas as bebidas, de tequila a wisky, passando por cachaça e conhaque. Janelas grandes e uma mesa no centro da sala, com um papel e uma caneta e a cadeira fora do lugar. Ouvi um barulho como se alguem estivesse se aproximando. Segurei a mão da Milene e retruquei: "tem alguém aí?" e um homem aparentemente idoso, magro, com uma bonita postura, calças pretas e uma blusa branca, suspensórios vermelhos entrou de costas. Foi gentil, como qualquer outro não seria a ter sua casa 'invadida' por adolescentes. -"Vire-se", pedi. E com a mão no rosto, ele se virou.
Trocamos olhares. Milene, como já da casa, sentou-se sem pedir licença. Sentei-me tambem e o homem, ainda com a mão no rosto, aproximou-se e sentou-se ao nosso lado.
Perdi-me então em minha própria cabeça e lembro de ter voltado no meio da historia.
Pois então. Vi um livro preso na parede. Um dos meus livros preferidos quando criança, pelomenos no meu mundo imaginário. 'Mariazinha' era o nome do livro. Empolguei-me e perguntei onde tinha achado o livro. Fazia tempo que procurava por ele e nunca achei. Então ele me disse: "Sou eu. Eu sou o escritor desse livro."
Olhei denovo em seus olhos e um flash veio a minha cabeca. Dizia-me mamãe, que o autor desse livro nunca foi visto por ninguem, por ter nascido com uma deformação no rosto. Delicadamente toquei em sua mão enrugada e arratei devagar para baixo, pra que pudesse finalmente conhece-lo. Olhei fundo em seus olhos e disse a ele que os artistas nao podem ter medo de mostrar-se ao mundo, pois são artistas.
Fechei os olhos e continuei escorregando a minha mão pelo seu rosto e ele pediu que meus olhos continuassem fechados. Toquei seu rosto e o vi como queria e como ele realmente era. Seu nariz, me acanho em dizer, me deixava nervosa... um nervoso estranho que arrepiava-me. parei minha mão ali e senti. Sabia o que era, eu tinha descoberto. E descansei minha mão por cima enquanto trocavamos olhares um pouco mais quentes.
Tirei rapidamente minha mão de seu rosto e não houve reação nem de minha parte, nem da parte da Milene, que assistia a tudo isso.
Ofereceu-nos então uma bebida. Já era velho, não tinha mais tanta força assim para nos servir. Dei-me então a liberdade de provar de tudo. Milene comecou entao a gravar um video, onde ele contava sobre a vida dele. Era algo que ele nunca havia feito. Fiquei mais encantada ainda. Ele era pura loucura, lembrei-me de Bukowski.
Depois de 3 goles, ele ja estava um pouco alto e disse que precisava ir para o quarto e que podiamos continuar amanha a nossa descoberta.
Subiu então uma escada e desequilibrou. Segurei-o (caso contrario, teria morrido).
O amanha chegou. Estavamos eu e ele em uma praia, nús, deitados em uma pedra, um lugar perigoso, com as ondas fortes barendo em nos. Mas as ondas eram de lama, só lama pelo nosso corpo e nós, gritando de prazer e trocando e declamando versos.
E eu pensava dentro de mim, sem saber: 'não pode virar mar, eu quero ele comigo, essa lama não pode virar água'.
Escorria a lama pelo meu corpo, limpando-se. o medo me engolia a alma. Sabia que era hora de acordar. A lama então se fez água e tudo se fez mar. Mais uma vez, o mar. E ondas vieram e levaram ele e seu corpo frágil. Tentei salvá-lo, mas ele ja estava muito fraco. O mar tirou ele de mim. Mas eu não estava tão triste. Aquele episódio me fez sentir o maior tesão do mundo, eu me senti sexy lá, sendo lambusada pela lama e o mar me lambendo o corpo. E repetia a ele, na esperança de que me pudesse ouvir, que jamais havia tido um prazer tão bom.
Vesti-me para seu enterro, com uma saia preta e um soutien de renda preto. Cheguei na porta e seus familiares não me deixaram entrar, pos não estava vestida adequadamente. Mas na verdade, quem eram eles para deixar ou não?
Cheguei perto de seu caixão e tomei-me em minhas mãos. alguem havia colocado uma máscara em seu rosto e perguntei por que. Disseram-me que ele não queria que ninguem o visse como ele era.
Arranquei de seu rosto a máscara que a vida inteira ele havia vestido e denovo disse, a quem queisesse ouvir:
UM ARTISTA NÃO PODE TER MEDO DE SER QUEM É. NINGUÉM PODE TER MEDO DE SER.
e então, como se tudo tivesse acontecido semana passada, eu acordei, ainda com a imagem do seu olhar.

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