segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Michael

Vestido de branco e sedutor.
Você um dia chegou daquele teu jeito misterioso, silencioso, e eu quis saber de você. Senti teu perfume e ouvi do entorno, como eras descolado, engraçado, falante e como todos gostavam de você. Não pensei três vezes, mas duas. Na primeira já não resisti, te conheci e como todos falavam que ia ser, me deixei seduzir. Com você, eu não sentia nada. Os problemas sumiram, a dor sumiu, abtristeza sumiu e a gente tinha assunto até não conseguir mais falar, de tão cansados que ficávamos! Eu fiquei louca, apaixonada... Mas sabia que comigo seria diferente, já que pela boca de muita gente, já Ouvia sobre ti. Sabia que tu era sacana, bonito demais, aquele que engana. Quando eu chegava perto de você, me sentia a mulher mais poderosa do mundo, muito forte e segura de tudo, porque sabia que tinha você ao meu lado quando EU quisesse. Mas tarde percebi que era VOCÊ quem me tinha, na palma das duas mãos e onde e como mais quisesse ter. Me rendi, ainda falando pra mim que poderia ir embora quando quisesse, que essa paixão não poderia prender a mulher que eu era. Porque eu te via como, uau, muito! Mas eu ainda me via como mais ainda. Até que o sol das dez da manhã bateu nos meus olhos tristes e desfocados de dias virados, me olhando pelo espelho e tentando lembrar quem era aquela refletida ali, na redonda pupila, tão perto e perdida. Foi quando olhei em volta e não tinha mais ninguém. Ninguém. Nem você, nem ninguém. Nem eu, nem ninguém. Ninguém... E o vazio começou a preencher um espaço tão grande, que eu só pude chorar e rezar. Chorar e rezar. Pensava em você, que podia acalmar minha angústia, me abraçar e fazer parar aquela dor que doía tanto que chegava a tremer os músculos do corpo inteiro. Queria um beijo, um abraço, queria um cigarro, só mais um cigarro e eu podia dormir. Umas gotas de remédio pra ajudar a engolir o dia que passou e o que estava por vir. E o sol esquentava minha cabeça, machucava meus olhos e eu entendi que eu havia passado a não mais querer, mas a precisar de você. Perdia o sono e virava noites por você. Porque eu me sentia sozinha. Mesmo estando comigo mesma, eu me sentia sozinha. Porque você conseguiu me carregar, me seduzir, me enganar, me controlar, me desfazer, me entristecer e nem me reconhecer eu conseguia mais. Era difícil arrancar um sorriso se eu soubesse que você não viria aquela noite. Eu ficava aflita, e percebi que quem mandava em mim então, era você. Eu não sabia nem mais o que eu tava fazendo ali. 
Mas busquei descobrir o por que, quando cheguei tão fundo que nem dormindo eu conseguia estar em paz. Nem nos sonhos eu conseguia descansar. Eu não podia mais ficar ali. Não se pode entregar tanto à alguém que não sobre mais nada pra você.
Só por hoje eu não vou pensar em você. E se pensar, vou me forçar a lembrar da balança, que sempre me fez ter certeza que você não valia nada, porque o lado das coisas que me faziam mal em relação a você, sempre pesaram demais. Muito mais que o outro lado.
Só por hoje vou mudar os ares, vou mudar o hábito, não ver alguns conhecidos com quem gostava de conversar, porque sei que são seus amigos também e que talvez você possa estar em volta e, sinceramente, você e eu precisamos de espaço. Principalmente entre nós. Claro que você ainda vai frequentar todos os espaços que eu frequento, mas só por hoje, vou me deixar virar a cara ao te ver, sem me sentir antipatica por isso. Vou falar o necessário. Se falar demais, ou nada, é porque estou na companhia certa.
Só por hoje não quero mais te ver.
Só por hoje eu não quero mais você.
Todo minuto é difícil, mas eu sou meu próprio lar, ninguém mexe comigo, ninguém me tira do ar.
Só por hoje, meu amor. 
Mais um dia.
Quem diria?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário